BRASÍLIA, GOIÂNIA e APARECIDA DE GOIÂNIA — Suspeito de cobrar propina para facilitar a liberação de recursos do Ministério da Educação, o pastor Gilmar Santos investiu quase meio milhão de reais para criar duas empresas, abertas há duas semanas. No mesmo dia, 8 de março deste ano, ele abriu uma faculdade em Goiânia, com aporte inicial de R$ 100 mil, e registrou uma editora na cidade vizinha de Aparecida de Goiânia, com capital de R$ 350 mil. Na quarta-feira, dois prefeitos afirmaram ao GLOBO que Santos e outro religioso, Arilton Moura, pediram quantias em dinheiro e até a compra de bíblias em troca de agilizar os repasses aos municípios.
O GLOBO esteve nos dois endereços das empresas que constam nos documentos protocolados na Junta Comercial de Goiás. Tanto a faculdade quanto a editora foram registradas em sedes da Assembleia de Deus Cristo Para Todos, igreja comandada por Santos e da qual Moura também faz parte. Nos dois casos, não há sinal de que os locais sirvam para outras atividades além dos cultos religiosos.
Santos já possuía uma editora, criada em 2013, no mesmo endereço da igreja em Goiânia, registrada como “Editora e Publicadora Cristo para Todos Limitada”. O capital social desta empresa é de R$ 110 mil. A nova, criada há duas semanas com o triplo do valor, tem CNPJ diferente, mas nome quase idêntico: “Editora Cristo para Todos Limitada”. Questionado sobre a abertura das empresas no mesmo dia, Gilmar não retornou os contatos do GLOBO.
Os relatos dos prefeitos Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), e José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP), dão conta de que os pedidos de propina variavam de R$ 15 mil a R$ 40 mil e incluíam também a compra de bíblias.
Além de fundador da Assembleia de Deus Cristo Para Todos, Santos é diretor da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus do Brasil.