Mais de 200 mil pessoas no Brasil foram afastadas do trabalho por transtornos mentais em 2021. O dado é do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e contempla desde doenças mentais, como o Alzheimer, passando por depressão e distúrbios emocionais provocados por diferentes motivos.
Os números são menores do que os de 2020, no auge da pandemia de Covid-19, quando 291.390 trabalhadores foram afastados. Em 2019, foram 241.992 pessoas.
“Tinha dor de cabeça, náuseas e chorava muito fácil. Entrava em pânico quando pisava no hospital. Nos dias de folga, não conseguia aproveitar minha família. Foram seis anos assim, totalmente conturbados”.
sse é o relato da curitibana Jully Anne Priscilla Zink Moreno, que trabalhou como secretária administrativa no setor operacional de um hospital por seis anos.
Por trás dos números do INSS, estão escondidas histórias de dor e tristeza. Hoje, com 36 anos, Jully fala na condição de quem superou as dificuldade.
‘Tinha pânico quando chegava ao trabalho’
Pelas mãos e ombros dela pesava uma grande responsabilidade: a logística de materiais e cadastros em sistemas internos para mais de 1,5 mil médicos. Quando a saúde física e mental começaram a ser afetadas, ela percebeu que algo estava errado.
Sobrecarregada, Jully procurou um psicólogo, de quem ouviu as primeiras orientações para superar o problema.
“Ele me falou da Síndrome de Burnout . Comecei a tomar uma medicação, me afastei por uns dias e, no final, fiz um acordo com o hospital para rescindirmos o contrato. Me recuperei depois de muito tempo, engravidei, troquei de emprego”.
A síndrome de burnout, conforme especialistas, é desencadeada pelo estresse crônico no trabalho e se caracteriza pela tensão resultante do excesso de atividade profissional. O esgotamento físico e mental, a perda de interesse no trabalho, a ansiedade e a depressão estão entre os sintomas.