Essa semana, imagens gravadas em uma escola particular da Zona Leste de São Paulo chocaram o país. Nelas, crianças pequenas, de até 2 anos e meio, aparecem amarradas com lençóis e chorando em cadeirinhas deixadas no banheiro e a polícia agora investiga o local por maus-tratos.
“Foi uma facada no meu peito mesmo. Foi uma dor que eu nunca tinha sentido na minha vida”, afirma a autônoma Luara Stramaro, mãe de uma das crianças que aparece nos vídeos.
Bruna Naviskas, mãe de outra das crianças filmadas, lamenta: “É um misto, de raiva, de tristeza, de culpa. De como que meu filho passou por isso e eu não percebi”.
Uma das donas da escola, Roberta Rossi Serme confirmou à polícia que o ambiente onde foram gravados os vídeos é a escola. É ela que pode ser ouvida em áudio gravado pela mãe de uma criança em reunião no dia 11 deste mês.
“Nós tivemos uma denúncia de maus-tratos, de não ter alimentação na escola. Eu achei de um extremo absurdo quando eu soube do contexto. Essa pessoa fez esse tipo de denúncia completamente descabida”, diz Roberta.
O Fantástico conversou separadamente com quatro mães que estiveram lá e elas confirmaram o conteúdo e também confirmaram que essa é a voz de Roberta. Nesse dia, a maioria dos pais ainda não sabia dos vídeos com crianças amarradas. As mães disseram que, na reunião, Roberta se justificou: “Ela só disse que uma professora que não estava satisfeita que forjou tudo”.
A escola está fechada por tempo indeterminado e a diretora não quis dar entrevista. O advogado do local, no entanto, conversou com a nossa equipe e, questionado por que ela não mostrou para os pais as fotos e os vídeos enviados à polícia, afirmou:
“Você concorda que é difícil? Eu dizer assim: ‘Vem cá que eu vou te mostrar uma coisa. Esse aqui é seu filho, dentro da minha escola, sendo torturado, sendo amarrado, sendo recebendo alimentação no banheiro’. É difícil, complicado”.
A polícia não informou quem fez as fotos e os vídeos, mas 12 pais já foram ouvidos e também sete funcionários da escola. O Fantástico conseguiu localizar algumas professoras que prestaram depoimento, mas só uma aceitou falar e, mesmo assim, não quis gravar entrevista por estar com medo. Ela enviou áudios e passou informações sobre como os alunos eram tratados.
“As crianças quando choram, a Roberta dá bronca na professora dizendo: ‘Por que que a gente não tirou ela da sala e levou para o banheiro?’ Como de costume ela faz. Ela pega a criança ou o bebê e leva para o banheiro, fecha a porta e deixa a criança lá chorando”, conta.
Fonte: G1