Quem também vive uma situação crítica por conta da pandemia e dos decretos e restrições ao funcionamento do comércio noturno são os músicos, pessoas que trabalham na noite nesses locais e fazem a alegria do público. Clayton Santana é cantor da dupla, Clayton Santana e Edinei e comenta sobre a vontade do setor em poder voltar a trabalhar.
“O nosso setor movimenta muita gente, são várias famílias que dependem de nossa atividade para sobreviver. São pessoas que dependem disso, quem não tem outra forma para garantir o seu sustento. Então eu acredito da mesma forma que um banco, um mercado, uma loja podem abrir seguindo as normas a gente também pode abrir. É só fiscalizar com mais rigor, deixa a gente trabalhar! É só isso que nós queremos”, desabafou Santana.”, afirmou.
Renato Lima é cantor e atua na noite desde os 14 anos e relata que todos do setor precisam voltar ao trabalho. “Nós precisamos voltar ao trabalho! Nós somos trabalhadores honestos e precisamos resolver essa situação o mais breve possível”, mencionou.
A maior parte dos músicos trabalhou muito pouco durante a pandemia e já enfrentam situações complicadas devido ao momento crítico. Lima também pontuou que a situação da maior parte dos músicos é caótica. “Eu vou dizer que a nossa situação financeira já está perto do caos. Já se passou um ano, então para as pessoas que trabalham na área a situação já chegou ao ao limite, o preço dos produtos sobe cada vez mais, o que prejudica a todos e principalmente para nós músicos, garçons, gerentes, atendentes e vários outros trabalhadores que estão sem poder exercer as suas funções”.
Quanto aos cuidados, Renato Lima destacou que nos poucos momentos que pôde trabalhar no comércio noturno durante a pandemia viu um enorme cuidado por parte dos empresários. “Nos estabelecimentos que a gente tocou, nós vimos que todos cumpriram as normas sanitárias. Só que as pessoas estão nas ruas, estão fazendo festas clandestinas e a gente não tem controle sobre isso. As regras precisam ser cumpridas e pelo menos onde nós trabalhamos, podemos perceber que foi distribuído o álcool em gel, foi praticado o distanciamento e realizado todos os outros protocolos. Então muitas vezes nós estamos pagando a conta por outras pessoas que estão descumprindo os cuidados. Nós queremos apenas trabalhar e levar um pouco de alegria as pessoas nesse período tão triste”, concluiu Lima.
Os líderes do movimento na cidade de Toledo foram atendidos pelo vice-prefeito, Ademar Dorfschmidt (Cidadania). O prefeito, Luis Adalberto Beto Lunitti Pagnussatt (MDB), também participou por vídeo, uma vez que encontra-se em isolamento depois de ter sido acometido pela Covid-19.
Os empresários dos estabelecimentos noturnos e os músicos estão discutindo a melhor forma para que a classe possa voltar ao trabalho o quanto antes.
O Decreto de Nº 76/2021 divulgado no Órgão Oficial do Município entrou em vigor hoje e tem validade até às 20h00 do dia 31 de março. O documento delimita o funcionamento dessas e das demais atividades comerciais das 05h00 às 20h00. Depois desse horário é liberado apenas as entregas no sistema de delivery.
Além do decreto municipal, o Decreto Estadual de Nº 7.122/2021 também está em vigor até o dia 01º de abril e implementa toque de recolher em todo o estado das 20h00 às 05h00. Esta restrição de horário tem dificultado o funcionamento desses estabelecimentos, assim como tem diminuído drasticamente os seus rendimentos, visto que a maior parte do seu movimento ocorre após às 20h00.
Luccas Vescovi é sócio proprietário de restaurante na região do Parque Ecológico Diva Paim Barth e demonstrou indignação ao falar da situação. Ele pediu ao poder público para que o setor seja tratado com igualdade. “A gente pede apenas a igualdade na fiscalização, porque nós já estamos há um ano trabalhando dessa forma e a fiscalização do comércio noturno não é a mesma do diurno, de um banco de um mercado. A gente só quer abrir respeitando as normas. Nós temos funcionários, tínhamos 25 e tivemos que fazer cortes e agora estamos com apenas seis, as pessoas dependem disso para comer, para sobreviver. Nós não estamos conseguindo nem pagar o básico, o IPTU e o IPVA estão vindo e ninguém está vendo o nosso lado. O nosso setor é o único que vem colaborando com a pandemia, pois é o único que sofre cortes e restrições”.
O vice-prefeito, Ademar Dorfschmidt, afirmou entender a situação dos empresários, mas evidenciou que o decreto estadual é um impeditivo. “Nós estamos cientes de tudo o que vocês têm passado e estamos solidários. Infelizmente existe um toque de recolher das 20h00 às 05h00 por força do decreto estadual e precisamos seguir esta determinação para não sofrermos sanções”, esclareceu.
Dorfschmidt ainda ressaltou que a flexibilização dos horários de abertura do comércio em geral e também do comércio noturno dependem de forma direta da redução do número de casos da Covid-19. “Infelizmente o cenário não é dos melhores e precisamos conversar de forma aberta sobre isso. Não vislumbramos cenários favoráveis em curto prazo. Temos que vacinar as pessoas de forma rápida, caso contrário essas situações se arrastarão por bastante tempo. Só sairemos dessa com ações efetivas e com a colaboração de todos”, acrescentou.
Nesta segunda-feira (22), os empresários devem participar de uma reunião com membros do Governo Municipal, da Associação Comercial e Empresarial de Toledo e também com os vereadores. A reunião deve ocorrer no período da manhã no Auditório Acary de Oliveira, que fica em anexo a Prefeitura. Os empresários ainda irão protocolar um documento junto ao Ministério Público do Paraná (MPPR), pedindo por uma resolução da situação o mais breve possível.
Com informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Toledo.